terça-feira, 7 de outubro de 2008

A morte de Caim

Certo dia, Caim tendo resolvido ir à caça de animais ferozes, acompanhado de dois netos seus, para dali a dois dias, não avisou seu filho Booz de sua decisão. Este por sua vez também planejou sua caçada para o mesmo dia que o do seu pai, na companhia de dois sobrinhos, filhos de Tubalcaim, e que também não avisou ao pai. 

No dia planejado partiram para a caça; mas Booz, sem saber, tomou o mesmo caminho que o pai. Ora, encontrando-se então os dois grupos na mesma mata, e tendo Booz notado na mata, chamada Onam, que quer dizer dor, a sombra de uma figura, que acreditando ser uma fera, lançou uma flecha que acabou por transpassar o coração de seu pai Caim. 

Não é difícil avaliar a surpresa, agitação e dor de Booz ao ver seu pai morto por suas próprias mãos, ao se enganar atirando a flecha. A dor de Booz foi ainda maior por estar consciente da punição e da ameaça do Criador havia lançado contra aquele que tocasse Caim de morte. Sabia que quem cometesse tal transgressão seria punido sete vezes sete punido de morte por isso.

Booz chamou então os dois sobrinhos que o acompanhavam e colocou-os diante do pai morto, contando-lhes o que ocorrera: “Meus amigos, vós sois testemunhas do meu crime; embora voluntariamente, transgredi as ordens e a proibição do Criador, sou culpado perante o Eterno e perante os homens. Sou o mais jovem dos filhos de Caim; o último de sua posteridade, o mais culpado e o mais criminoso. Vingai, na pessoa deste último nascido, a morte do seu pai, e o escândalo que acaba de vos dar”.

O intelecto demoníaco, que sabe da fraqueza humana, suscitou logo uma paixão exaltada de vingança nos dois sobrinhos pelo crime cometido. Mas, quando prontos para disparar suas flechas, uma voz se fez ouvir: “O que ferir de morte aquele que matou Caim, será punido setenta e sete vezes de morte”.  

Diante desta terrível ameaça espiritual divina, entregaram suas armas a Booz, dizendo: “O Criador perdoou-te, Booz, pela morte que deste ao teu pai Caim. Nós somos agora os mais culpados perante o Eterno, pois concebemos voluntariamente executar sobre ti o nosso pensamento vingativo”. 

Booz respondeu então a eles: “Que seja feita a vontade do Criador”.  


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