Os espelhos são, em si mesmos, objetos mágicos por uma vocação que emerge de sua própria natureza física: espelhos refletem luz, e a luz tem muitas dimensões e significados. É transpondo o espelho, portal entre dois mundos, que Alice vai conhecer o estranho País das Maravilhas. A perdição de Narciso foi um espelho d'água. E é um espelho falante que desperta na rainha má, primeiro a inveja, depois o desejo de vingança contra a bela Branca de Neve.
Para magos e feiticeiras, o reconhecimento de um objeto como espelho depende apenas do poder de reflexão da luz que esse objeto possui. Portanto, para os ocultistas, espelho é qualquer superfície polida capaz de refletir luminosidade com maior ou menor intensidade.
O Iniciado utiliza o espelho mágico para fins diversos. O primeiro deles é o desenvolvimento da vontade por meio do adestramento do olhar como recurso de expressão. Isso porque o controle da vontade se alcança justamente por meio do adestramento dos recursos de expressão do homem: o olhar, a palavra e os gestos.
Torna-se evidente, portanto, que o princípio de funcionamento do espelho mágico é a sua propriedade de produzir uma luminosidade atrativa para o olhar favorável à concentração do observador num processo que almeja uma alteração do estado de consciência.
O grande ocultista, Papus, conclui que "...todos estes espelhos tem por único efeito concentrar em um ponto uma parcela da luz astral e de por a vida individualizada de cada um de nós em relação direta com a vida universal conservadora das formas."
Note-se que Papus refere-se sempre à luz astral. Infere-se daí, e não há motivo para pensar o contrário, que os espelhos refletem todos os espectros de luz, os visíveis e os invisíveis ao olho físico do humano em estado de consciência normal, ou seja, a vigília.
Se considerarmos os ensinamentos da tradição esotérica, admitindo que a luz astral possui uma espécie de memória universal, registro de todas as coisas presentes, passadas e futuras, resulta que o mago, fixando o olhar no reflexo do espelho ou partindo de concentração num ponto de luz comum, torna-se capaz de perceber a luz astral e nela distinguir ou acessar as informações que deseja obter. Os budhistas e teósofos denominam esse fluido cósmico e onipresente de Akasha.
Um comentário:
Pela excelência do assunto tratado pelo amigo Álvaro Rodrigues Pacheco, anexei a presente postagem, esperando que aqueles que passearem pelas mensagens desse Blog, fiquem satisfeitos. Valdemir.
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